“… Ela invocará o meu nome, e eu lhe responderei. É o meu povo, direi; e ela dirá: ‘O Senhor é o meu Deus’. ” (Zacarias 13:9)

Acabada a última ceia, os discípulos estavam atordoados, Jesus falava de um modo mórbido e atemorizante nunca antes ouvido… Traição, morte, lugares misteriosos era a tônica da conversa à mesa, Judas havia pedido licença e saiu sem maiores explicações, quem sobrou estava atônito e com o estômago embrulhado… Jesus os surpreende e diz “não se perturbe o vosso coração”! (João 14:1)

Com isso, já conquistara novamente a atenção daqueles alunos, e então torna a confundi-los:

“Na casa do meu Pai há muitas moradas… Vou preparar-vos lugar!”

Essa confusão perdurou para além daquela reunião! Se na casa do Pai já havia moradas, as quais foram prontas desde a fundação do mundo (Mateus 25:34), por que Jesus ainda iria preparar um lugar? Que lugar seria este? A pista de Jesus foi segura:

“quando eu for e preparar este lugar, voltarei para que onde eu estou, vocês estejam também!”

A tarefa passou a ser a de ligar os pontos… Alguns dias depois os discípulos viram que Jesus foi e voltou de um lugar – da morte, ele foi morto e reviveu! E o lugar onde ele estava quando fez a promessa era o seu corpo, portanto, o recado era mais simples do que parecia: Jesus iria, por meio de sua morte e ressurreição, preparar um lugar para nós e este lugar era o SEU CORPO!

Pronto, assim nasceu a IGREJA!

A igreja não surgiu como um convite para reuniões em sinagogas, ela nunca foi uma instituição, antes o contrário, o sentido principal da palavra original grega Ekklesia, segundo o dicionário Strong, é o de “reunião de cidadãos chamados para fora de seus lares”. Enquanto a religião chamava as pessoas para dentro de templos, catedrais e sinagogas, Jesus chamava-as para fora e assim edificava a sua Igreja!

Nunca houve duas igrejas, ela sempre foi única, um só corpo, uma só fé, até porque há um só cabeça! Jesus não criara uma instituição, ele criara uma pessoa, sua Noiva, que com Ele seria um só, afinal, o único propósito era o de estarmos em Seu corpo! Se, durante sua encarnação, Jesus chamava a todos que o seguiam para que deixassem tudo e fossem após ele, depois de sua ascensão, Paulo aconselha a que cada um fique no que foi chamado e não deixe sua posição original (I Coríntios 7:20)… Essa aparente contradição tem uma razão clara – Enquanto o corpo de Cristo era físico, quem quisesse ter contato com ele, precisava segui-lo onde estivesse, mas, agora, com o corpo invisível, podemos todos ser Igreja onde quer que estivermos, pois a Sua Glória enche toda a terra!

No entanto, passados os anos, aquilo que deveria ser uma pessoa se transformou numa instituição, e, como o Corpo se projetava mais alto do que o Cabeça, aquilo que sai da boca de Deus não era mais suficiente para que o homem vivesse, o justo também não mais vivia pela Fé, aquilo que era pela Graça passou a custar caro, um só mediador já não era o bastante e a Glória, que antes era só de um, passou a ser rateada entre tantos…

No meio da instituição, onde estava a Igreja?

A Noiva do Cordeiro era um tesouro escondido, que deu mostra de estar viva no canto de John Huss apagado pelas chamas da fogueira inquisitorial, na clandestinidade dos fiéis da Morávia, na persistência dos Valdenses e Albigenses, nos remanescentes que Deus levantava para permear a história com provas pinçadas de que a chama acesa na cruz permanecia viva e que, mesmo fumegante, aquele pavio não se apagaria!

Finalmente, após anos de batalhas contra um deus desconhecido e carrasco que lhe foi imposto, Lutero descobriu na Santa Palavra um Deus perdoador e amigo, que oferece gratuitamente a possibilidade de ser justificado, apesar de injusto e santificado, apesar de pecador, e, então, passou a entender que o tal “justo” viveria não pela tentativa hipócrita de conquistar méritos na luta incessante contra a natureza corrompida que há em nós… Mas, o justo viverá pela Fé! (Romanos 1:17)

Ao mostrar isso a Lutero, Deus não queria uma nova igreja, Ele só queria A Igreja, a única, a Sua! Lutero não reformou a Igreja, apenas reformou sua mente, o tesouro estava escondido e ele o encontrou!

Em 30 de outubro de 1517, Lutero fazia um eco do convite original de Cristo e repetia o chamado para fora da instituição àqueles que queriam ser Igreja, espalhados pelo mundo, mas reunidos em um Corpo invisível… com diferentes placas e costumes, mas com apenas um estandarte e bandeira: O Amor! (Cantares 2:4)

Após 500 anos, essa data magna nos faz lembrar que a Igreja não precisa de Reforma, Jesus quem preparou esse lugar, sua Obra é graciosa e perfeita, o que carece de ser reformado é a nossa mente! Os cristãos da Idade Média caíram em equívoco pela ignorância em relação às Escrituras, os de hoje caem na arrogância por supostamente conhecerem demais…

A Igreja não precisa de reforma… A Igreja não! Ela continua sendo o lugar que Cristo preparou para nós, a reforma precisa ocorrer em nossa mente!

No início de tudo, Deus posicionou Adão no Jardim e falava com ele… Hoje, estamos posicionados em Cristo nas regiões celestiais e Deus fala conosco! Jesus é como o segundo Adão, o cabeça de uma geração Reformada, mas Cristo também é o segundo Éden, o lugar preparado para a Igreja. Nós em Cristo é a certeza da Igreja como Corpo, Cristo em nós é a esperança da Glória, não há lugar para nós fora da Igreja, não temos lugar fora de Cristo, por isso, nosso lugar não entre bandeiras que Cristo não levantou ou no meio de guerras que ele não travou, mas em Cristo, onde não há homem ou mulher; arminiano ou calvinista; pentecostal ou ‘reformado’… Apenas a Igreja, o Corpo vivo que invoca o Cabeça e Ele lhe responde: “É o meu povo”, e ela replica: “O Senhor é o meu Deus”.

Em Cristo.

Saulo Daniel Lopes.

saulo@jesuscopy.com

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